sábado, dezembro 03, 2011

“É permitido o devaneio, e ele dá sentido àquilo que vê”.

Artes-Almandrade
 



A mostra é constituída de diversos suportes utilizados por Almandrade. São trabalhos elaborados dentro de princípios e critérios que vêm direcionando a produção do artista, por quase quatro décadas. “O Almandrade capricha nas miniaturas de suas criaturas, cuja nudez implica mudez, límpido limpamento do olho artístico, já cansado da fantástica história da arte deste século interminável, deste milênio infinito.” (Décio Pignatari, 1995). Século que já é passado. O importante é mostrar, mesmo de forma abreviada, o percurso do artista . A coerência e o rigor do artista em lidar com diferentes suportes, incluindo a palavra (poesia), fazem de Almandrade, um pensador que se utiliza desses suportes para produzir reflexões.

A proposta artística de Almandrade convida o espectador a pensar sobre a própria natureza da arte. Depois da passar pelo concretismo e arte conceitual nos anos 70, seu trabalho prossegue na busca de uma linguagem singular, limpa, com um vocabulário gráfico sintético. Aparentemente frias, suas construções estéticas impressionam pelo rigor e pela leveza de suas concepções, marcadas pelo exercício de um saber ao lidar com formas, cores, a matéria e o conceito. Provocam emoções variadas conforme o ponto de vista do observador. Que ninguém duvide: a economia de elementos e de dados não se dá por acaso, configura uma opção estética, inteiramente coerente com a tendência a síntese, ao traço essencial, ao quase vestígio. Um nada, cuja gênese reside na totalidade absoluta. Assim também é a sua poesia.

Esta exposição é um recorte do seu trabalho elaborado em mais de três décadas de utilização do objeto de arte para estimular o pensamento e provocar a reflexão, segundo critério fundamentados na racionalidade, na materialidade e, não por acaso, na economia de dados, sem deixar que conceitos sobreponham ao fazer artístico. Almandrade compromete-se com a pesquisa de linguagens artísticas que envolve artes plásticas, poesia e conceitos. No percurso do artista destaca-se a passagem pelo concretismo e a arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente com a incessante busca de uma linguagem singular, limpa, de vocabulário gráfico sintético. De certa forma, um trabalho que sempre se diferenciou da arte produzida na Bahia.

O trabalho de Almandrade, tanto pictórico quanto linguístico, vem se impondo, ao longo de todos esses anos, como um lugar de reflexão, solitário e à margem do cenário cultural baiano. Depois dos primeiros ensaios figurativos, no início da década de 70, conquistando uma Menção Honrosa no I Salão Estudantil, em 1972, sua pesquisa plástica se encaminha para o abstracionismo geométrico e para a arte conceitual. Como poeta, mantém contato com a poesia concreta e o poema/processo, produzindo uma série de poemas visuais. Com um estudo mais rigoroso do construtivismo e da Arte Conceitual, sua arte se desenvolve entre a geometria e o conceito. Desenhos em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente cerebrais, calcados num procedimento primoroso de tratar questões práticas e conceituais, marcam a produção deste artista na segunda metade da década de 70.

Redescobre a cor no começo dos anos 80 e os trabalhos, quer sejam pinturas ou objetos e esculturas, ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência e a capacidade de divertir com inteligência.

Um escultor que trabalha com a cor e com o espaço e um pintor que medita sobre a forma, o traço e a cor no plano da tela. A arte de Almandrade dialoga com certas referências da modernidades, reinventando novas leituras.

O artista ainda completa “É permitido o devaneio, e ele dá sentido àquilo que vê”.
Artista plástico e poeta, formado em arquitetura, ele se mostra um artista versátil dentro de sua proposta. Nos seus quase quarenta anos de carreira nas artes visuais caminhou pelo desenho, pintura, escultura, instalações e poesia. Transita entre a bi e a tridimensionalidade, entre a imagem e a palavra de forma fluida. A metamorfose de uma para outra às vezes não se completa e mesmo observando duas formas de expressão distintas elas parecem falar a mesma língua.

Estreia dia 3 de Dezembro-Até 28 de Fevereiro, Terça a domingo das 9h às 21h.
Caixa Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 (Centro)
Tel: (11) 3321-4400 ou 3321-4406
Visite- Entrada Franca

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Almandrade é o nome artístico de Antonio Luiz M. Andrade, Artista plástico, poeta, arquiteto com mestrado em Urbanismo, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, é considerado pela crítica como um pioneiro da arte contemporânea da Bahia., participou de importantes mostras nacionais e internacionais como Bienal de São Paulo. Experimentalista assumido, Almandrade vem se comprometendo com a pesquisa de linguagens artísticas desde l972, onde ora se envolve com as artes plásticas, ora com a literatura. Poeta da arte e artista da poesia. Realizou mais de trinta exposições individuais em várias capitais, autor do livro de poesia “Arquitetura de Algodão”, “Escritos sobre Arte” e “Malabarismo das Pedras” (poesia). É um dos principais divulgadores e crítico da arte contemporânea no Brasil. Ou melhor, um defensor da arte como instrumento de pensamento e não entretenimento

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